Israel vs Kovacevic: quem se enquadra melhor no modelo de Amorim?

 

Devido à lesão de Vladan Kovacevic na paragem para jogos internacionais, Franco Israel assumiu novamente a titularidade na baliza dos leões. Mas a verdade é que, para o que Rúben Amorim pede à posição no modelo de jogo, Franco Israel não consegue corresponder tão bem como o seu colega. Neste artigo, é analisada a contribuição de ambos em jogos de maior dificuldade para o Sporting, que exigem mais trabalho aos GR tanto no básico para a posição, bem como a serem mais uma opção a construir jogo na 1ª fase.

Começando por Franco Israel, apontei alguns pormenores que tem de melhorar para conseguir dar o salto exibicional, já que entre os postes até consegue ser melhor que Vladan Kovacevic. Mas o pensamento que o GR apenas serve para defender ficou preso no tempo, desde que Manuel Neuer surge a nível sénior e revoluciona a posição. Desde então, os treinadores têm tido a tendência a exigir que o GR seja o líbero da equipa e que tenha um bom jogo de pés. 

Iniciando pela comparação estatística, dada a amostra da época 2024/2025, pode ver-se onde cada um se destaca. Se Kovacevic se destaca pelas ações com bola, em especial fora da área de penalti, a verdade é que mesmo assim tem uma percentagem de defesas superior a Franco Israel.

Comparação entre a % de passes completos


No capítulo do passe o Israel acaba por ter melhor percentagem de passes certos, até pela sua amostra ser muito mais curta. Mas será que os passes que Israel acerta são verdadeiramente bons para a equipa?


Neste vídeo, podemos ver alguns dos passes que estatisticamente contam como certos, mas que para a equipa não acrescentaram pois não sairam tensos e não permitiram que o Sporting conseguisse superar a pressão alta do Lille.

Recepções de bola: o calcanhar de Aquiles de Israel

Ao analisar este jogo contra o Lille, é notório que as recepções de Israel prejudicam as suas ações e contribuem para que o passe saia a queimar para os centrais do lado.


Decisão com a bola nos pés: a inconsistência de Israel

Outro aspeto que salta à vista é a sua decisão com a bola nos pés. Nem sempre Israel opta pela melhor decisão, inclusive no lance em que Maxi Araújo faz um mau passe para o meio. Porém, por vezes também consegue decidir bem na primeira fase de construção, ajudando a equipa a superar a pressão do adversário.




Vladan Kovacevic: o GR com perfil de equipa grande que ficou com a imagem manchada desde o jogo na Supertaça


Kovacevic não tem sido um nome consensual no mundo leonino, que não perdoou o erro da Supertaça. Mas erro à parte, era um perfil de GR que Amorim há muito procurava, já que consegue ser competente no controlo de profundidade e acrescenta verdadeiramente com a bola nos pés. O tempo fará com que a massa adepta possa esquecer o erro da Supertaça e lhe dê o devido valor.

Passe: onde Kovacevic se supera verdadeiramente face ao colega

Se acima critiquei o facto dos passes de Franco Israel por vezes saírem "frouxos" ou a queimar os colegas, a verdade é que Kovacevic dá uma lição de como ser um verdadeiro líbero para a equipa, com passes assertivos e que colocam sempre o central do lado em situação de progressão no terreno, sejam eles passes curtos ou de média distância.






Temporização: outro aspeto que Kovacevic domina face a Israel

Mais uma vez Kovacevic é superior naquilo que Amorim pede ao seu GR: temporização do momento de jogo para chamar o bloco adversário, que advém da confiança com bola nos pés e que também acontecia com António Adan, porém Israel não consegue fazer o mesmo regularmente. Outro aspeto a rever pela equipa técnica de GR para que o uruguaio possa evoluir.


Controlo de profundidade: uma aresta para limar em Kovacevic, mas mesmo assim está acima de Israel

Toco aqui num ponto em que nenhum é propriamente exímio, mas que Kovacevic, pelo seu perfil, terá muito mais facilidade em evoluir neste aspeto do que o seu colega de posição.



De modo a concluir este meu (controverso) ponto de vista: é claro que não considero o Kovacevic o GR perfeito, mas deve ser o titular indiscutível do Sporting, dadas as opções disponíveis. Israel cumpre, mas não é o suficiente para ser titular absoluto no Sporting, pois se o fosse não haveria a necessidade por parte da equipa técnica de contratar um novo GR titular para a presente época. Um GR no Sporting não pode apenas cumprir, tem que encaixar na ideia de jogo do treinador e ser uma mais valia dentro de campo.


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