Brasil sempre foi sinónimo de(bom) futebol. Vários foram os
craques que surgiram do país da América do Sul e que encantaram este desporto
ao longo da história. Desde Zico a Garrincha, de Pelé a Kaká, Ronaldinho ou
Neymar. Talento nunca foi problema quando chegava o momento da convocatória da
canarinha. Infelizmente, tal não acontece atualmente e a seleção brasileira
atravessa uma “crise” a nível da formação. Apesar de haver talento como
Endrick, Vinícius, Rodrygo e mais recentemente Estevão, nos outros setores do
campo, a qualidade já não é do mesmo nível, principalmente no setor defensivo.
Analisando uma das últimas convocatórias do “Escrete”, mais
particularmente em relação às laterais: Danilo(que na teoria seria a melhor
opção) já viveu a melhor fase da sua carreira e neste momento até atua como
defesa central na Juventus; Guilherme Arana tem tido algumas lesões e teve
pouco tempo de jogo esta temporada; Wendell, apesar do bom final de época que
fez pelo Porto, sempre teve muitas lacunas e neste momento já nem opção é e
William, apesar da boa época com o Cruzeiro, não tem qualidade para ser o titular
de uma seleção como a brasileira.
Num país que sempre recorreu muito ao “jogador interno” quando se tratava de escolher os melhores para o representar, mora precisamente no Brasileirão
um lateral que já há algum tempo “reclama” por uma oportunidade e que pelos
vistos tem passado despercebido aos olhos dos últimos selecionadores
brasileiros: Lucas Piton.
Com formação entre Paulista e Corinthians, o atual jogador
de 23 anos do Vasco da Gama tem estado em grande forma levando já 6 golos e 7 assistências(define com qualidade no último terço) em todas as competições, sendo
mesmo um dos destaques do campeonato, fazendo por merecer uma chamada à
seleção A do Brasil.
MOMENTO DEFENSIVO
Lucas Piton consegue fazer o corredor esquerdo com
facilidade, devido à sua resistência e velocidade. O jovem lateral brasileiro
consegue tanto jogar numa defesa a 4 como a 5(chegou a jogar assim durante a
passagem de Álvaro Pacheco pelo Vasco), efetuando o papel de lateral ou ala. Sem
bola, gosta de pressionar alto e marcar o adversário de perto, sendo as abordagens um
dos aspetos a melhorar, visto o timing em que as faz, muitas das vezes é errado
e deixa as costas expostas, acabando por sofrer com isso na sua transição defensiva(por vezes demora a recuperar posição). Quando
confrontado no 1x1 defensivo, apresenta-se bastante ágil e competente, preferindo
fazer a contenção até ao momento de desarmar o adversário ou esperar que um
colega o apoie, sempre com os apoios bem orientados.
Apesar de procurar sempre jogar simples, apresenta algumas
dificuldades quando pressionado(por vezes efetua passes sem nexo ou demora a
decidir), algo que pode ser melhorado, visto ter qualidade técnica para mais.
O maior aspeto negativo a salientar do jogador é o
posicionamento que adota em situações de cruzamento para a sua área, pois perde
a noção espacial, conseguindo o oponente batê-lo nas costas(especialmente em contra-ataques e bolas aéreas, outro dos seus pontos fracos).
Tem também um bom nível de antecipação e desarme.
MOMENTO OFENSIVO
Um pouco à semelhança dos grandes laterais brasileiros de outros tempo, Piton destaca-se sobretudo no momento ofensivo, tendo no cruzamento o seu melhor recurso(dos jogadores que melhor cruza no Brasileirão), com uma elevada percentagem de acerto, como podemos ver no gráfico do perfil do jogador. Neste aspeto, vale a pena fazer um reparo: por saber que tem qualidade, por vezes, “vicia” o seu jogo em cruzamentos, quando podia tomar outra decisão.
É um lateral com um bom passe curto, que tanto consegue jogar mais por dentro(muito
associativo, sempre a procurar os colegas com quem “tabelar”), como também
consegue jogar na largura e atacar o espaço(muito inteligente a fazê-lo,
atacando no momento certo) para depois chegar à frente e cruzar ou aparecer
para finalizar(aparece muito em zonas de finalização e tem ainda um remate
bastante razoável).
Possui ainda uma boa capacidade de progressão com bola(resistência
ao choque aliada à sua velocidade) e qualidade no 1x1 ofensivo(boa finta de
corpo, por exemplo).
Vale a pena destacar também que é um dos batedores das bolas
paradas da equipa no lado esquerdo, quer cantos quer livres.
CONCLUSÃO
Numa altura em que as convocatórias da seleção brasileira são cada vez mais questionadas, assim como a falta de qualidade do futebol jogado, faz sentido falar-se numa renovação, podendo ser Lucas Piton uma peça importante(e que já deveria ter tido minutos) disso mesmo. O jovem lateral esquerdo, com as boas épocas que tem feito(eleito o melhor lateral da 1ª volta do campeonato esta temporada), tem sido recorrentemente associado a uma transferência para outros clubes, inclusive da Europa(foi associado ao Porto no último mercado) sendo que, a juntar aos problemas financeiros que o Vasco da Gama enfrenta, será muito provavelmente transferido no próximo mercado, o que creio ser a peça que falta para finalmente quem guia os destinos de uma das grandes potências do futebol mundial conseguir perceber o talento que tem em mãos e que não é, de todo, bem aproveitado.
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